MySpace Layouts

domingo, 28 de fevereiro de 2010

YAMAHA TRAZ O QUINTETO SOPRO NOVO



Com o intuito de incentivar o lado artístico dos professores deste instrumento, o Quinteto é formado pelos profissionais que ministram os seminários do programa Sopro Novo em todo território nacional.

São professores-músicos, comprometidos com o fazer artístico que, ao se apresentarem em espetáculos, acreditam estar suscitando nos alunos do Programa Sopro Novo a necessidade de vivenciar o palco, para auxiliarem verdadeiramente no processo da educação artística dos estudantes de música.

“O objetivo dessas apresentações é oferecer também um universo sonoro diferente. Transportar o público para lugares mais tranquilos, resgatar sua sensibilidade, mexer com a memória emocional, ser um respiradouro no meio da intensidade da vida moderna.”

O Quinteto Sopro Novo, durante esses dois anos, viajou pelo Brasil e tocou para um público de mais de 50 mil pessoas em teatros, ONGs, clubes, igrejas e salas de aula, conquistando o respeito e a admiração de crianças, jovens, adultos músicos e leigos.
O Sopro Novo atua auxiliando na formação de professores, através de um processo que contém 3 tipos de seminários: Flauta Doce Soprano e Aprendendo a Ler Música R$ 60,00, Seminário de Flauta Doce Contralto R$ 80,00 e Seminário de Prática de Conjunto R$ 40,00.
*o valor do frete não esta incluso no valor dos quites.
Após o seminário de flauta doce soprano o aluno deverá participar de 25 horas de ensaio monitorado para poder ingressar no seminário de flauta doce contralto e mais 25 horas de ensaio para poder ingressar no seminário de Prática de conjunto. Após o seminário de Prática de Conjunto o grupo deverá ensaiar para preparar o recital de formatura. O tempo de preparo fica a cargo do monitor do grupo.
OBS Importante:
*Os ensaios monitorados são pagos a parte para o monitor responsável pelo grupo e não têm qualquer vínculo financeiro com a Yamaha Musical do Brasil. Para maiores informações consulte um regional!

EXPOMUSIC 2010


27ª - FEIRA INTERNACIONAL DA MÚSICA, INSTRUMENTOS MUSICAIS, ÁUDIO, ILUMINAÇÃO E AFINS

Local: Expo Center Norte

Endereço: Rua José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme - São Paulo

Data: 22/09/2010 até 26/09/2010

Horário: Das 13h às 21h

Descrição: Segmento musical quando músicos e profissionais se atualizam com os lançamentos e produtos das grandes marcas de instrumentos musicais, áudio, iluminação e acessórios. Movimenta negócios que representam parcelas significativas do faturamento anual do setor, estimulando o desenvolvimento da indústria musical no País.

=]
Para mais informações acesse www.feiraexpomusic.com.br

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A alegria da música - Por Rubem Alves


Eu gosto muito de música clássica. Comecei a ouvir música clássica antes de nascer, quando eu ainda estava na barriga da minha mãe. Ela era pianista e tocava... Sem nada ouvir eu ouvia. E assim a música clássica se misturou com minha carne e meu sangue. Agora, quando ouço as músicas que minha mãe tocava, eu retorno ao mundo inefável que existe antes das palavras, onde moram a perfeição e a beleza.

Em outros tempos, falava-se muito mal da alienação. A palavra “alienado” era usada como xingamento. Alienação era uma doença pessoal e política a ser denunciada e combatida. A palavra alienação vem do latim alienum que quer dizer “que pertence a um outro”. Daí a expressão alienar um imóvel. Pois a música produz alienação: ela me faz sair do meu mundo medíocre e entrar num outro, de beleza e formas perfeitas. Nesse outro mundo eu me liberto da pequenez e picuinhas do meu cotidiano e experimento, ainda que momentaneamente, uma felicidade divina. A música me faz retornar à harmonia do ventre materno. Esse ventre é, por vezes, do tamanho de um ovo, como na Reverie, de Schumann; por vezes é maior que o universo, como no concerto n. 3 de Rachmaninoff. Porque a música é parte de mim, pra me conhecer e me amar é preciso conhecer e amar as músicas que amo. Agora mesmo estou a ouvir uma fita cassete que me deu o Ademar Ferreira do Santos, amigo de Portugal. Viajávamos de carro a caminho de Coimbra. O Ademar pôs música a tocar. Ele sempre faz isso. Fauré, numa transcrição para piano. A beleza pôs fim à nossa conversa. Nada do que disséssemos era melhor que a música. A música produz silêncio. Toda palavra é profanação. Faz-se silêncio porque a beleza é uma epifania do divino. Ouvir música é oração. Assim, eu e o Ademar, descrentes de outros deuses, adoramos juntos no altar da beleza. Terminada a viagem, o Ademar retirou a fita e m’a deu. “É sua”, ele disse de forma definitiva. Protestei. Senti-me mal, como se fosse um ladrão. Mas não adiantou. Há gestos de amizade que não podem ser rejeitados. Assim, trouxe comigo um pedaço do Ademar que é também um pedaço de mim.

A música clássica dá alegria. Há músicas que dão prazer. Mas a alegria é muito mais que prazer. O prazer é coisa humana, deliciosa. Mas é criatura do primeiro olho, onde moram as coisas do tempo, efêmeras, que aparecem e logo desaparecem. A alegria, ao contrário, é criatura do segundo olho, das coisas eternas que permanecem. Superior ao prazer, a alegria tem o poder divino de transfigurar a tristeza. Haverá maior explosão de alegria do que a parte final da Nona Sinfonia? E, no entanto, a vida de Beethoven chegava ao fim, marcada pela tristeza suprema de não poder ouvir o que mais amava, a música. Estava totalmente surdo. Mas é precisamente dessa tristeza que nasce a beleza. No último movimento, Beethoven faz o coro cantar a Ode à Alegria, de Schiller. Sempre que a ouço imagino Beethoven de pé sobre um alto rochedo à beira-mar. O céu está negro. O mar ruge furioso. Respingos e espumas molham a sua roupa. Mas ele parece ignorar a fúria da natureza. Sorri, abre os braços e rege... o mar. A tempestade não cessa, continua. Mas a fúria se põe a cantar a alegria! Abre-se uma fresta nas nuvens negras através da qual se pode ver o céu azul...

A Nona Sinfonia me faz triste-alegre. Essa é a magia da beleza: ela é um triunfo sobre a tristeza. Feiticeira, a beleza é o poder mágico que transforma a tristeza-triste em tristeza-alegre... É só por isso que eu a quero ouvir vezes sem conta. Porque a vida é triste. E nisso está a honestidade da música clássica: ela não mente. Se soubéssemos disso, se sentíssemos a tristeza da vida, seríamos mais mansos, mais sábios, mais bonitos.

Meu outro amigo português, professor José Pacheco, pastor da Escola da Ponte... (Ele se recusa a ser chamado de diretor. Por isso o chamo de “pastor”, aquele que ama e cuida das ovelhas, as crianças. Não seria bonito se os professores se vissem como pastores de crianças?)... conversando comigo sobre a música de Ravel, me dizia que, por vezes, ele fica tão “possuído” que ouve um mesmo CD vezes repetidas, sem parar, não deseja ouvir outro. Comigo acontece o mesmo. A beleza produz uma “compulsão à repetição”. Kierkegaard dizia que um amante seria capaz de falar sobre sua amada dias a fio sem se cansar, repetindo as mesmas coisas. Falamos para transformar a ausência em presença. Ao escrever essas linhas, estou tornando presente aquela viagem com o Ademar, a caminho de Coimbra, ouvindo Fauré. E estou de novo com o José Pacheco, conversando sobre Ravel e bebendo vinho.

Há músicas que contêm memórias de momentos vividos. Trazem-nos de volta um passado. Lembramo-nos de lugares, objetos, rostos, gestos, sentimentos... Aquele hino Deus vos guarde pelo seu poder provocará sempre, Jether, a memória do barco seguindo o navio. Lembrar-se do passado é triste-alegre... Alegre porque houve beleza de que nos lembramos. Triste porque a beleza é apenas lembrança... Não mais existe. Mas há músicas que nos fazem retornar a um passado que nunca aconteceu. É uma saudade indefinível, sentimento puro, sem conteúdo. Não nos lembramos de nada. Apenas sentimos. Sentimos a presença de uma ausência... Fernando Pessoa se refere a uma saudade vazia? Saudade é sempre “saudade de”. Mas essa saudade é saudade pura, sem ser saudade de coisa alguma. Será possível ter saudades de algo que não foi vivido?. Octávio Paz descreve uma dessas experiências no seu maravilhoso livro O arco e a lira. Ele diz: “Todos os dias atravessamos a mesma rua ou o mesmo jardim; todos os dias nossos olhos batem no mesmo muro avermelhado, feito de tijolos e tempo urbano.” (Coisas do primeiro olho!) “De repente, num dia qualquer, a rua dá para um outro mundo, o jardim acaba de nascer, o muro fatigado se cobre de signos.” (O segundo olho!) “Nunca os tínhamos visto e agora ficamos espantados por eles serem assim: tanto e tão esmagadoramente reais. Sua própria realidade compacta nos faz duvidar: são assim as coisas ou são de outro modo? Não, isso que estamos vendo pela primeira vez, já havíamos visto antes. Em algum lugar, no qual nunca estivemos, já estavam o muro, a rua, o jardim. E à surpresa segue-se a nostalgia. Parece que nos recordamos e quereríamos voltar para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiqüíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer. Um sopro nos golpeia a fronte. Adivinhamos que somos de outro mundo. É a ‘vida anterior’ que retorna...” Mas esse lugar encantado, onde se encontra? Nunca o vimos e, a despeito disso sabemos que é o nosso destino: queremos voltar. Você nunca sentiu isso, uma saudade indefinível de um lugar encantado em que você nunca esteve?

Na sua Ode Marítma, Fernando Pessoa escreve sobre a mesma experiência. De longe ele contempla o cais e seus navios. “E quando o navio larga do cais/ E se repara de repente que se abriu um espaço/ Entre o cais e o navio,/ Vem-me, não sei porquê, uma angústia recente./ Ah, todo o cais é uma saudade de pedra.” “Ah, quem sabe, quem sabe,/ Se não parti outrora, antes de mim,/ Dum cais, se não deixei, navio ao sol/ Oblíquo de madrugada,/ Uma outra espécie de porto...” Partir outrora, antes dele mesmo?

Há músicas que nos levam para o tempo “antes de nós mesmos” e para lugares onde nunca estivemos. Talvez o que Ângelus Silésius disse para os olhos possa ser dito também para os ouvidos. “Temos dois ouvidos. Com um ouvimos as coisas do tempo, efêmeras, que desaparecem. Com o outro ouvimos as coisas da alma, eternas, que permanecem.”

A Valsinha do Chico faz isso comigo. O que a Valsinha canta nunca aconteceu. Está fora do tempo. Está fora do espaço. E, no entanto, está no espaço e no tempo da minha alma. A Valsinha é um “pedaço arrancado de mim”. Por isso rio e choro ao ouvi-la. Também a Primeira Balada de Chopin, aquela que o pianista triste e esquálido tocou para o oficial alemão no filme O Pianista. A Chacona, de Bach. A sonata Appassionata, de Beethoven, que Lenin dizia ser capaz de ouvir indefinidamente. Oblivion, de Piazzolla, que tanto comovia o Guido, meu amigo querido, que agora mora naquele “lugar onde as coisas são sempre banhadas por uma luz antiqüíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer”.

A música tem virtudes médicas. Cura. Nesse tempo em que todo mundo sofre de stress aconselha-se música do estilo new age para acalmar. Comigo música new age não funciona. Tira-me o stress transformando-me em gelatina. Dissolvo-me em águas indefinidas. Quando estou aos pedaços deito-me no tapete da sala e o que quero ouvir é Bach. A música de Bach me estrutura, devolve-me o esqueleto, põe meus pedaços no lugar. O Bach dos corais, não o dos florais... Há música para os mais variados tipos de doença: Mozart. Beethoven. Schumann. Chopin. Brahms, Ravel. Os médicos deveriam receitar aos seus pacientes, junto com os remédios bioquímicos, a música...

Bom seria se a música clássica se ouvisse nos consultórios médicos, nas escolas, nas fábricas, nos escritórios, nas rádios. Há cidades que têm essa felicidade: rádios FM que tocam música clássica o dia inteiro. Infelizmente não é o caso de Campinas. Mas poderia ser... A música clássica desperta, nas pessoas, aquilo que elas têm de melhor e de mais bonito. Música clássica contribui para a cidadania.

Fico triste pensando naqueles que nunca conhecerão esse prazer. Simplesmente porque a possibilidade não lhes foi oferecida. Eu tive a sorte de ter a minha mãe.

Gêneros Eruditos


Antes de conhecer os principais gêneros musicais clássicos, é necessário que você saiba o que é uma obra. Uma obra é simplesmente um conjunto de movimentos, ou seja, um conjunto de músicas.
Diferente da atualidade, onde cada música é composta sem ligação com nenhuma outra, na música clássica o compositor compõe um conjunto de movimentos que posteriormente farão parte de uma obra. Por exemplo, uma sinfonia é, normalmente, composta por 4 músicas. Já um concerto, geralmente divide-se em 3 partes.
Cada movimento geralmente tem o nome conforme a sua velocidade. Abaixo estão relacionados os tipos de movimento, desde o mais rápido até a música mais lenta:

-Prestíssimo
-Presto
-Allegro
-Allegretto
-Andante
-Andantino
-Adagio
-Larghetto
-Largo

Abaixo encontram-se os principais gêneros musicais da música erudita. Vejamos:

Abertura - Música composta para orquestra, geralmente com caráter festivo.

Cantata - É uma forma musical surgida na Itália, no século XVII, caracterizada por ser cantada, à diferença da tocata, executada por instrumentos de teclado, e da sonata, composta para instrumentos de corda. Desenvolveu-se no Barroco, atingindo seu apogeu com J.S.Bach.

Concerto - O concerto é um dos gêneros mais importantes da música erudita. Normalmente divide-se em 3 partes, sendo que a segunda música é lenta. A principal característica de um concerto é a melodia de um instrumento solista, com o acompanhamento orquestral. Por exemplo, num concerto para violino, o violinista se destaca diante de uma orquestra. Existem também, os concertos para dois e até três solistas, conhecidos respectivamente como concerto duplo e concerto triplo.

J.S.Bach foi o primeiro compositor a consolidar o gênero em 3 movimentos. Geralmente, o primeiro possui uma introdução orquestral, que antecede a entrada do instrumento solista. E a música transcorre normalmente. Na maioria dos finais dos primeiros movimentos, há uma passagem onde o solista executa seu instrumento solitariamente, até que a orquestra retorne e conclua a primeira parte. Essa característica passou a existir a partir do Classicismo. O segundo movimento, como já foi mencionada, é uma música lenta. Em seguida, vem o terceiro movimento, a conclusão da obra.

Como vimos, os concertos possuem algumas características. Mas isso não significava que o compositor fosse obrigado a seguir estas regras. Existem alguns alguns concertos que possuem 4 ou 2 movimentos. Outros, já começam com uma música lenta. A introdução do primeiro movimento também inexiste em alguns raros concertos.

Divertimento - Forma musical que se caracteriza pela leveza. Pode ser composto para um ou vários instrumentos e consta em geral de uma série de movimentos alternados e livres. O termo indica, sobretudo na França, um intermezzo com dança, que no século XVII e XVIII se inseria nas óperas e comédias-balés.

Lied - Forma musical originária do Romantismo alemão. Lied nada mais é que uma canção, normalmente composta para um(a) cantor(a), podendo haver também, mais de um solista. A obra é constituída por uma estrutura musical organizada a partir de um poema. A música, de grande complexidade harmônica e bastante elaborada, adapta-se sempre ao texto, que tem função fundamental. A parte instrumental geralmente é atribuída ao piano. O maior mestre do gênero foi Schubert. Mas Schumann, Brahms, Mahler, além de Fauré e Mussorgsky também aderiram ao gênero.

Missa - Gênero sacro católico. Quando possui caráter fúnebre, também é conhecido como Réquiem. Geralmente possui as seguintes partes: Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus, Benedictus, Agnus Dei, etc.

Moteto - Gênero de música sacra vocal polifônica, geralmente sem acompanhamento instrumental, e com textos em latim. Ocupou lugar central na liturgia da Igreja Católica. Tal como o madrigal - sem similar profano - o moteto atingiu o auge no século XVI. No século XVII, foi enriquecido com instrumentos. Entre os principais compositores de motetos estão Palestrina e J.S.Bach. O gênero entrou em decadência em fins do século XVIII.

Música de câmara - São as peças executadas por pequenas orquestras. As músicas de câmara trazem em seu nome, o número de integrantes que a executam: trios, quartetos, quintetos, octetos, etc.

Por exemplo, um quarteto para cordas é constituído por 2 violinos, uma viola e um violoncelo. Um quinteto para piano, possui além deste instrumento, mais 2 violinos, uma viola e um violoncelo.

Ópera - Peça teatral cantada, com acompanhamento orquestral. Surgiu no final do século XVI, em Florença, como tentativa de recriar a tragédia grega. Divide-se em duas categorias: a ópera séria ou melodramática e a cômica ou bufa. As primeiras óperas Dafne (1597) e Euridice (1600), foram compostas por Peri, versando sobre temas da mitologia grega. Dentre os maiores compositores operísticos destacam-se: na Itália, Scarlatti, Rossini, Bellini, Donizetti, Verdi e Puccini; Na França, Lully, Rameau, Gounod, Bizet e Massenet; Na Alemanha, Gluck, Weber e Wagner. Na Áustria, Mozart. Na Inglaterra, Händel. Na Rússia, Glinka, Mussorgsky e Borodin.

Opereta - Pequena peça musical derivada da ópera cômica, com partes faladas e cantadas. Considera-se como precursora no gênero, a obra A ópera dos mendigos, paródia sobre as óperas sérias de Händel. Contudo, a opereta firmou-se e popularizou-se só em meados do século XIX, com Offenbach, Suppé e Strauss II.

Oratório - Composição musical para solistas vocais, coro e orquestra, geralmente de conteúdo religioso. Originou-se do teatro sacro medieval por volta de 1600. Entre os seus cultores incluem-se J.S.Bach e Händel, cujo O Messias é, provavelmente, a mais famosa composição do gênero.

Poema Sinfônico - Forma de música orquestral em um único movimento. Popular na segunda metade do século XIX, narra uma história ou uma cena. Foi criado por Liszt.

Serenata - Concerto de instrumentos de estilo leve e comunicativo. É famosa a Serenata n.º 13, de Mozart.

Sinfonia - Um dos mais importantes gêneros musicais. Diferente do concerto, não possui destaque de nenhum instrumento, sendo que cada um possui várias participações ocasionais, e orquestra de cordas carrega a melodia principal.

O gênero divide-se em 4 partes: O primeiro movimento pode ser uma música de caráter ligeiro, um allegro por exemplo. Alguns primeiros movimentos possuem introdução lenta. O segundo movimento é a música lenta da obra. Pode ser um largo, um andante, um adagio. O terceiro movimento é conhecido como minueto. É a música mais simples da obra. Possui um tema inicial, que em seguida é interrompido por outro tema bem diferente. Antes de terminar, o tema inicial retorna, concluindo a música. O quarto e último movimento (finale) pode ser a música mais emotiva da obra. Tem caracteríscas semelhantes à do primeiro movimento, embora eu a considere mais triunfante.

A sinfonia surgiu no Classicismo, tendo sua consolidação com Haydn, considerado o pai da sinfonia. O seu contemporâneo Mozart também foi um grande gênio do gênero.

Porém, no Romantismo, a sinfonia passou a ser maior, e de caráter mais emotivo. Beethoven, transformou o minueto, em scherzo. Foi o primeiro compositor a colocar um coral no último movimento. Outros grandes compositores sinfônicos desta época foram Schubert, Bruckner, Brahms e Tchaikovsky.

É importante lembrar que, apesar das características citadas, nem todas as sinfonias foram compostas seguindo rigorosamente a forma. Existem raras obras no gênero que possui 3 ou 5 movimentos. O movimento lento é a terceira parte de algumas sinfonias.

Sonata - Composição musical geralmente para um ou dois instrumentos. O termo, surgido na Itália no século XVI, referia-se originalmente a peças para instrumentos de cordas, e opunha-se à tocata (para cravo ou órgão) e à cantata (para canto). Desde o final do século XVIII a sonata ficou restrita a composições para piano ou outro instrumento solista (este em geral, com acompanhamento pianístico), geralmente divididas em 3 ou 4 movimentos. Entre os grandes cultores da sonata destacam-se Corelli, Vivaldi, J.S.Bach, Haydn, Mozart e Beethoven.

Stabat Mater - Cânticos da liturgia católica surgidos no século XIII, e que narram os sofrimentos da Virgem Maria durante o Calvário de Cristo. Foi incorporado ao ofício das missas de Nossa Senhora das Dores e da Sexta-Feira da Paixão. É cantado geralmente em gregoriano, sendo também comum o canto em várias vozes. A primeira composição no gênero é atribuída ao Monge Jacopone da Todi. Foi cultivado por muitos compositores de música sacra, destacando-se o Stabat de Palestrina, Rossini e Dvorak.

Suíte - Forma de música instrumental desenvolvida na Alemanha e na França no século XVII e XVIII, e que voltaria a florescer no final do século XIX, com características mais livres. Consiste em uma sequência de movimentos de dança, todos na mesma tonalidade, mas variando no andamento. A combinação era geralmente constituída de prelúdio, allemande, courante, sarabande e gigue, podendo ser incluídos movimentos adicionais, como minueto, gavotte, ciaccona, siciliana, etc. Principais cultores da suíte: Couperin, Rameau, J.S.Bach e Händel.

Tocata - Forma musical de estrutura livre e de caráter virtuosístico, composta para instrumentos de teclado: órgão, cravo e piano. As primeiras composições com essas características datam do século XVI. No século XVIII, era comum ser seguida de uma fuga. Bach celebrizou essa forma de composição.

Ao ouvir música clássica, procure sempre ouvir a obra completa. Não limite-se à um movimento que seja mais famoso, ou que goste mais. Ouvir parte de uma obra, é como ler apenas um capítulo de um livro...

Como vimos inicialmente, os movimentos costumam ter o seu nome definido conforme sua velocidade. Porém, pode ser acrescentado ao mesmo outras denominações, que indicam o seu estilo. Esse movimento pode ser uma valsa, uma dança de origem italiana, ou um minueto por exemplo. Abaixo, segue alguns exemplos:

Allemande - Dança de origem alemã.
Barcarola - Composição musical no estilo das canções dos gondoleiros venezianos, marcada por ritmo em tempo de 6/8 ou 12/8. Chopin, Mendelssohn e Offenbach foram alguns dos músicos que se dedicaram a esse tipo de composição.
Bourée - Dança de origem francesa.
Ciaccona - ver Passacaglia.
Ecossoise - Dança de origem escocesa.
Espagniol - Dança de origem espanhola.
Forlane - Dança de origem inglesa.
Gavotte - Dança popular francesa de passos saltitantes, muito comum na corte de Luís XIV. Couperin e J.S.Bach utilizaram alguns de seus elementos em várias composições.
Gigue - Dança ligeira de origem inglesa, muito popular na Irlanda, desde o século XVI. É também o nome de uma dança italiana, de estrutura binária e em voga nos séculos XVI e XVII, que costumava encerrar uma suíte ou um concerto de câmara. Foi aproveitada por grandes compositores como J.S.Bach e Händel.
Intermezzo - Pequena peça de caráter ligeiro, representada durante os 'intervalos' de um movimento mais importante.
Mazurca - Dança de origem polonesa.
Minueto - Antiga dança francesa em compasso 3/4, caracterizada pela delicadeza dos movimentos. Muito popular na corte de Luís XIV, difundiu-se pela Europa nos séculos XVII e XVIII. Geralmente, é utilizada como terceiro movimento de uma sinfonia clássica.
Noturno - Música de caráter geralmente melancólico, popularizado por Chopin
Passacaglia (Ciaccona) - Dança espanhola surgida no século XVI e difundida por toda a Europa. Segue uma forma musical em compasso ternário e andamento lento, usada entre outros por J.S.Bach e Brahms.
Polca - Dança com uma base rítmica de 2/4 e originária do folclore da Boêmia (Rep. Tcheca e Eslováquia). Tornou-se moda no século XIX.
Polonesa - Dança originária de Polônia.
Prelúdio - Introdução para uma peça musical, geralmente escrita para instrumento de teclado. Foi empregada por J.S.Bach para introduzir suas fugas e suítes. Na música para piano mais recente, o prelúdio tem sido tratado como uma peça completa, como nos Prelúdios de Chopin.
Rapsódia - Composição musical de estrutura indefinida, que dá ao compositor liberdade em matéria de estilo, forma e temática, freqüentemente reunindo vários temas de inspiração folclórica. Ficaram famosas as Rapsódias de Liszt.
Rondo - Composição musical derivada do verso medieval Rondeau, no qual um refrão ou tema é intercalado com outros temas contrastantes. Foi incorporado à parte final das sonatas, concertos e sinfonias do século XVIII.
Sarabande - Dança espanhola do século XVI, assimilada pelos franceses e despojada de sua movimentação vibrante, para dar origem, no século XVII, a uma dança lenta, em ritmo ternário, sob a forma de procissão. Aparece muitas vezes como um movimento lento, na suíte instrumental barroca.
Scherzo - Palavra italiana que significa 'gracejo', e indica, em música, um movimento rápido e brilhante, criado por Beethoven, em substituição do Minueto. É geralmemte, o terceiro movimento de uma sinfonia romântica.
Tarantela - Conhecida dança italiana.
Valsa - Dança de compasso ternário, originária do Landlër. Compositores como Chopin e Liszt mostraram grande apreço pelo gênero. Mas popularizou-se, em grande parte devido às composições de Strauss II, tornando-se a dança favorita dos salões.


Fonte: http://www.classicos.hpg.ig.com.br/generos.htm

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Música gospel será reconhecida como manifestação cultural


COMISSÕES / Cultura
23/02/2010 - 14h10
A música gospel deverá ser reconhecida como manifestação cultural, segundo o Projeto de Lei da Câmara 27/09, que recebeu nesta terça-feira (23) parecer favorável da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). Com isso, poderá gozar dos benefícios do Programa Nacional de Apoio à Cultura, instituído pela Lei Rouanet.

O projeto, que já recebeu parecer favorável da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), ainda será examinado pelo Plenário. O seu relator na CE, senador Papaléo Paes (PSDB-AP), lembrou que a música gospel nasceu nos Estados Unidos e integrou-se à "dinâmica cultural brasileira, perpassando os diversos segmentos da sociedade e integrando-se às culturas regionais que compõem a diversidade do nosso país".

Também recebeu parecer favorável da CE o substitutivo da Câmara ao Projeto de Lei do Senado 236/07, da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), que muda o nome do atual Livro dos Heróis da Pátria para Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. O projeto estabelece ainda a inclusão no livro de Maria Quitéria de Jesus, a quem a senadora definiu como "uma das poucas mulheres a saírem do anonimato e ganharem a eternidade junto à história do nosso país, ao se alistar no Exército para lutar pela independência do Brasil".

Segundo o relator ad hoc do projeto, senador Jefferson Praia (PDT-AM), o substitutivo aprovado pela Câmara apresenta apenas "ajustes formais" no texto original da proposta.

Foi iniciada ainda a discussão do Projeto de Lei do Senado 264/09, de autoria do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), que autoriza o Poder Executivo a instituir, em Redenção (PA), um campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará. O relator do projeto, senador José Nery (PSOL-PA), apresentou seu voto favorável à proposta, que ainda foi apoiada pelos senadores Flávio Arns (PSDB-PR) e Romeu Tuma (PTB-SP).
Marcos Magalhães / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

http://www.senado.gov.br/agencia/verNoticia.aspx?codNoticia=99424&codAplicativo=2&codEditoria=3

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Museu da Música Brasileira




A Música Brasileira tem sido, definitivamente, uma das contribuições mais relevantes do Brasil à cultura ocidental. E isso deve-se bastante ao fato de que na base da canção está o ritmo, e o Brasil, cuja formação teve povos africanos de várias etnias – e portanto, ritmos – acabou por tornar-se a reserva de muitos desses ritmos que transplantaram-se para cá, dada a destruição das suas culturas de origem. A Bahia, em particular, recebeu a primeira onda desse transplante, e assim, recebeu um importante legado, que formou a riqueza musical que permeia o inconsciente coletivo.
Disso, na fusão dos ritmos africanos com os indígenas e a música européia, formou-se uma música sofisticada, que no século passado ganha força ainda maior por tornar-se um dos veículos de expressão social popular, levando o par letra-musica a um requinte de que coloca a canção popular numa zona nova entre a literatura e a musica em si.
A Bahia, por esta razão, tem tido um papel proeminente na musica brasileira, da origem do pais aos dias de hoje, tendo sabido aproveitar todo o lastro da sua herança de culturas, celebrando de modo máximo o melting pot que vem a ser o Brasil.
Num tempo de velocidade de informação tão rápida que leva a um descomprometimento com o valor das idéias, surge um sentido de efemeridade que põe em risco a preservação de elementos mínimos da cultura.
Neste cenário, o Museu da Musica Brasileira pretende expor, discutir e preservar essa cultura, da Música Brasileira mais imediata, que está intensamente presente na vida dos brasileiros, e que por isso tem logrado todo este sucesso ao longo do ultimo século.
O Museu da Música Brasileira é um espaço de divulgação e memória da riqueza e diversidade da música brasileira no coração do centro histórico de Salvador na Bahia, região que é um dos pilares da música do Brasil.


=] Entre no site:
www.museudamusicabrasileira.com.br

Museu da Música


O Museu da Música é uma instituição tutelada pelo Instituto dos Museus e da Conservação (IMC) onde se encontra uma das mais ricas colecções instrumentais da Europa, além de vários espólios documentais e os acervos fonográfico e iconográfico.
Está aberto ao público desde 26 de Julho de 1994 na estação do metropolitano Alto dos Moinhos, beneficiando de um protocolo de mecenato assinado entre o ex-Instituto Português de Museus e o Metropolitano de Lisboa.

O Museu tem como missão salvaguardar, conservar, estudar, valorizar, divulgar e desenvolver os bens culturais do Museu, promovendo o património musicológico, fonográfico e organológico português, tendo em vista o incentivo à qualificação e divulgação da cultura musical portuguesa.
Esta missão traduz-se num conjunto de atribuições onde se inclui a salvaguarda e estudo das colecções, incorporação de novos espécimes, realização de exposições temporárias, edição de publicações, realização de visitas educativas, recitais, conferências e outros eventos.

Localizado na freguesia de São Domingos de Benfica, uma das mais populosas e cosmopolitas da cidade de Lisboa, o museu integra-se numa área com vários pontos de interesse histórico e arquitectónico.

=] Visitem o site:
www.museudamusica.imc-ip.pt

Breve História do Piano


O Piano é um instrumento musical de cordas percutidas, munido de um teclado e de uma grande caixa de ressonância. O som é produzido pela pressão das teclas que acionam martelos de madeira revestidos de feltro que, por sua vez, fazem percurtir as cordas. É dotado de dois pedais: o direito, quando pressionado, permite que as cordas permaneçam vibrando, mesmo que as teclas deixem de ser tocadas; o esquerdo, também chamado surdina, serve para diminuir o brilho da sonoridade. O primeiro piano foi fabricado pelo italiano Bartolomeu Cristofori.
Bartolomeu Cristofori, construtor de cravos de Florença, por volta de 1700 já havia concluído a fabricação de pelo menos um destes instrumentos que chamou de "Gravicembalo col Piano e Forte", isto é , cravo com sons suaves e fortes. Enquanto as cordas do cravo são tangidas por bicos de penas, o piano tem suas cordas percurtidas por martelos (revestidos de couro nos primeiros modelos), cuja dinâmica pode ser variada de acordo com a pressão dos dedos do executante. Isso daria ao piano grande poder de expressão e abriria uma série de possibilidades novas.
No começo o piano custou para se tornar popular porque os primeiros modelos eram muito precários. Haydn aceitou o piano em pé de igualdade com o cravo e o clavicórdio. Durante muito tempo a música para instrumento de teclado continuou a ser impressa com a indicação 'para pianoforte ou cravo', mas, no final do século XVIII o cravo já havia caído em desuso, substituído pelo piano.

Apesar do piano ter sido inventado por um italiano, foram os alemães que, com afinco, levaram a idéia adiante. Dentre estes construtores podemos citar: Silbermann, Zumpe, J. Stein. Os ingleses passaram também a construir pianos, de mecanismo mais pesado e som mais cheio e rico, considerado pai daquele usado atualmente. As melhorias dos pianos ingleses foram devidas ao famoso fabricante John Brodwood. Bradwood foi responsável por grandes transformações no instrumento: em 1783 patenteia os dois pedais, o pedal surdina e o pedal direito. Em 1790, fabrica o primeiro piano com 5 oitavas e meia e, em 1794, cria o de 6 oitavas.
Grande revolução na sensibilidade do toque veio com Erard, que, em 1821, inventou o duplo escapo. Consistia este em deixar o martelo, depois de ferir a nota, a uma pequena distância da corda e mantê-lo sob total controle da tecla, enquanto ela permanecesse abaixada. O toque de notas repetidas tornou-se, então, possível, pois o duplo escapo permite que se toque repetidamente a mesma tecla.
No século XIX o piano passou por diversos melhoramentos. O número de notas foi aumentado, as cordas ficaram mais longas e grossas e os martelos, antes cobertos por couro, passaram a ser revestidos de feltro, melhorando a sonoridade. Os compositores românticos passaram a explorar todos os recursos do piano. Quase todos os compositores românticos escreveram para o piano, mas os mais importantes foram: Schubert, Mendelssohn, Chopin, Schumann, Liszt e Brahms.
As mudança sociais ocorridas no fim do século XVIII para os primeiros anos do século XIX, com o aparecimento da classe média (surgida da expansão do capitalismo), determinou um novo conceito no tamanho das residências, agora menores, em comparação com as casas da nobreza. Esta situação favoreceu à criação do piano vertical, por volta de 1800, cuja principal vantagem era ocupar menos espaço e ser um instrumento mais barato que os pianos horizontais fabricados até então. Logo tornou-se popular e foi um móvel comum na maioria das salas de visitas das casas do século XIX.
Por volta de 1880, as principais etapas na evolução do piano já haviam sido vencidas. Os fabricantes, agora, incorporavam naturalmente em seus instrumentos as idéias e as melhorias introduzidas durante a primeira metade do século XIX e o período que se seguiu foi apenas de aprimoramento e aperfeiçoamento de determinados detalhes.

Bibliografia:

Roy Bennett - Uma Breve História da Música
Roy Bennett - Instrumentos de Teclado
Mauro Jackson - Site "Afinação de Piano"

Renata Cortez Sica

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Afinação



Algumas pessoas, quando estão interessadas em fazer aulas de canto, geralmente perguntam se é possível que alguém que seja desafinado aprenda a cantar. Eu acredito que existam pessoas que são agraciadas com o presente da música logo ao nascer , já nascem com talento musical. Mas, se essas pessoas passarem a vida toda sem nenhum estímulo musical , elas nunca saberão que possuem esse talento musical.

Por isso , eu creio que a principal arma para aprender cantar afinado é aprender a ouvir. Isso mesmo , ouvir. A maior parte daquelas pessoas que se dizem desafinadas, tem dificuldade em ouvir a si mesmas e ouvir os outros. Mas, afinal, o que é cantar afinado?

Podemos dizer que um cantor é afinado quando ele reproduz as notas propostas da maneira certa . Nossas cordas vocais produzem a voz, que por sua vez produzem as ondas sonoras. O som é formado por vibrações e possui uma certa freqüência (quantidade de vibrações por segundo).

Existe um padrão de afinação ocidental pelo qual afina-se o lá em 440 Hz (Hz =vibrações por segundo).

Podemos definir então que cantar afinado é reproduzir a mesma freqüência que foi proposta numa melodia , seja ela cantada ou tocada . Daí a grande importância de aprender a ouvir. Mas como posso saber se não tenho nenhum problema de audição? Existem alguns "sintomas" que podem ser observados:

- Sempre pedir para que o outro repita : " O que você disse? ";

- Assistir TV ou ouvir o rádio num volume muito alto;

- Não conseguir identificar uma fonte sonora , isto é, não conseguir descobrir de qual direção está vindo o som;

- Falar sempre num volume muito alto ou então muito baixo

Por isso é recomendável àquelas pessoas que percebam alguma dificuldade fazer uma audiometria que é um exame de audição para se certificar de que está tudo certo.

Marivone Lobo

Fonte: http://www.vidanovamusic.com/tvocal.asp?codaula=425

Por que desafinamos?

Quem costuma culpar a voz ou garganta por desafinar sempre que se arrisca a cantar no chuveiro ou numa roda de violão, além de errar o tom na hora da cantoria também se engana ao escolher o culpado por estragar a música.
O verdadeiro vilão nesses casos é o cérebro do cantor, segundo a fonoaudióloga especialista em voz Ligia Motta. Isso porque a habilidade de cantar na nota correta de uma música está ligada à capacidade mental de identificar, por meio da audição, a nota que está sendo executada, e articular a voz adequadamente para acompanhar a melodia.
Apesar das diferenças de voz entre um pessoa e outra, todas que têm o aparelho fonador saudável detém capacidade física para cantar de forma afinada, mas para isso é preciso desenvolver a percepção auditiva e a colocação da voz. "E isso pode ser desenvolvido estudando instrumentos musicais, por exemplo", diz.

Foto Getty Images

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Importância da Música Para as Crianças



Bem-estar - A música provoca uma sensação de enorme bem-estar para o bebê ainda no útero.
Desenvolvimento do raciocínio - Cantigas de roda e as canções de ninar (que faziam parte do universo das crianças no passado), eram importantes no desenvolvimento de um raciocínio lógico.
Sensibilidade e percepção - A música é utilizada como instrumento pedagógico em escolas, pois desenvolve a sensibilidade musical e amplia a percepção.
Crianças rebeldes - Com a música pode-se trabalhar alguns aspectos da personalidade da criança, estimulando sua formação global. Uma criança muito rebelde, por exemplo, descarrega toda sua energia manipulando um instrumento.
Timidez – A timidez das crianças podem ser superadas em aulas de música, por exemplo, em um coral, a criança passa a sentir sua própria voz e começa a se soltar e a perceber a importância do trabalho em grupo.
Instrumentos musicais - Os instrumentos são muitos bons para desenvolver a coordenação motora e a memória.
Efeito Mozart - Há alguns anos, os cientistas debatem o chamado “Efeito Mozart”. Trata-se de uma prova de que crianças ficam mais “espertas” para cálculos depois de escutar a Sonata para Dois Pianos em Ré Maior, do compositor austríaco.

>Melhoram as habilidades matemáticas das crianças;

>Melhor desempenho em sala de aula;

>Desenvolvimento do cérebro;

>Tocando um instrumento musical ajuda a tornar seu filho mais inteligente;

>Atividades musicais desenvolve as habilidades intelectuais vitais nas crianças;

>A música resulta em uma melhor concentração nas atividades;

>Reduz o uso de drogas na adolescência;

>Melhora a respiração;

>Socialização

Conceito geral - EDUCANDO COM MÚSICA

Você sabia que desenvolver a musicalidade nas crianças na faixa etária de 3 a 10 anos é muito importante, não só para sensibilizá-las para a música mas também para que se tornem artistas extremamente virtuosos? Ou seja, a música serve para ativar outras áreas do cérebro, ajudando crianças a estimular inúmeras atividades.
Só para se ter uma idéia, sabe-se que a área cerebral responsável pela música está muito próxima da área de raciocínio lógico-matemático (ou seja, as conexões nervosas acionadas ao se executar uma obra clássica são muito próximas daquelas usadas ao se fazer uma operação aritmética ou lógica, no córtex cerebral esquerdo).
Por isso, percebe-se que a música ajuda no raciocínio lógico-matemático, contribuindo para a compreensão da linguagem e para o desenvolvimento da comunicação, para a percepção de sons sutis e para o aprimoramento de outras habilidades. “Casar música e educação dentro de uma sala de aula, além de gerar resultados animadores e gratificantes, faz com a difícil tarefa de ensinar seja muito mais gostosa e divertida”, explica a professora de música Cris Bueno.



Fonte: www.weril.com.br

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Músicas Populares e Folclóricas Brasileiras


A Origem do Samba:Ao longo da nossa história muitas formas de compor melodias, harmonias e ritmos foram inventadas. A maioria foi importada de diferentes países e transformada com criatividade pelos músicos brasileiros.

Encontro musical: É possível afirmar que a música brasileira surgiu de um encontro musical improvisado entre índios e portugueses nas praias do Nordeste. Segundo a carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da Corte portuguesa, uma das primeiras "conversas" travadas entre colonizadores e índios foi por meio da música. Como ninguém entendia uma palavra do que estava sendo dito, um português decidiu tocar sua gaita galega, instrumento muito parecido com as gaitas de foles escocesas, enquanto outro tocava uma caixa que eles chamavam de tamboril. Os índios gostaram do que ouviram e improvisaram com os portugueses. Esse foi o primeiro dos muitos encontros musicais que ocorreriam entre brasileiros e estrangeiros.

Samba: O samba, uma das principais expressões da música popular, é um exemplo do cruzamento de práticas musicais no país. O gênero surgiu da mistura do jongo, dança de roda de origem banto que ocorre no Sudeste, com os toques dos tambores do candomblé jeje-nagô dos negros da Bahia, Pernambuco e Maranhão. Esses ingredientes agregados a outros de origem européia e indígena formaram, no começo do século XX, pela mão de Noel Rosa, Pixinguinha, João da Baiana, Cartola e outros, o gênero conhecido como samba. O toque final foi dado na casa de Tia Ciata, mãe-de-santo baiana, que reunia músicos como Villa-Lobos em sua residência na Praça Onze, no Rio de Janeiro.

Influência Indígena e Portuguesa

Além dos negros, os índios e os europeus, principalmente os portugueses, são responsáveis pela variedade, criatividade e qualidade da música brasileira, que já tem mais de 350 gêneros musicais registrados.

Temática indígena: Embora sua influência sobre a música popular não seja tão grande quanto a dos negros e portugueses, os índios têm sua cultura representada durante o Carnaval em vários pontos do Brasil. No Nordeste, por exemplo, os caboclinhos – assim como os caiapós, as tribos, os bugres, os caboclos e os tapuias – são grupos de dança que se apresentam vestidos de índio para fazer recriações musicais e coreográficas das guerras travadas no sertão brasileiro. Na dança, os caboclinhos se movimentam muito rapidamente, talvez uma alusão à capacidade de locomoção dos índios no interior das matas e florestas. Outras vezes, os índios aparecem como aliados dos brancos na invasão a fortalezas de negros rebeldes, como de fato aconteceu na derrota sofrida pelos negros do Quilombo dos Palmares para o bandeirante Domingos Jorge Velho, que liderava um exército indígena.

Moda de viola: Se os tambores do batuque são comuns em toda a costa brasileira, no interior do país a viola toca mais alto. Nos sertões paulista, mineiro, goiano e paranaense, um dos gêneros musicais mais conhecidos é o sertanejo. Os portugueses são os responsáveis pela presença da viola no Brasil. Existe até um santo protetor dos violeiros: São Gonçalo do Amarante. Em alguns lugares, ele é protetor também dos marinheiros, outro símbolo marcante da presença lusa em nossa cultura, que aparece em tradições musicais como cheganças, barcas, marujadas, naus e fandangos

Predomínio Africano

Séculos de miscigenação com mulçumanos do norte da África justificam a enorme permissividade de Portugal com relação a determinadas práticas musicais e religiosas: os batuques. Nos Estados Unidos, por exemplo, os negros nunca puderam tocar seus tambores.

Candomblé: Na África, ser músico é quase como ser padre, pois a música está ligada às tradições religiosas. E aquele que nasce em uma família de músicos deve seguir o ofício até o fim da vida. Nenhum ritual importante na religiosidade africana é praticado sem música. Canta-se e toca-se para tudo e para todos os santos. No Brasil, o candomblé exerceu forte influência na música de todo o país e é conhecido nas diversas regiões por nomes diferentes. No Maranhão, o culto é conhecido como tambor de mina. Do Rio Grande do Norte até Sergipe, o candomblé recebe o nome de xangô. Já no Rio Grande do Sul, o nome corrente é simplesmente batuque.

Você sabia?

No candomblé usam-se três tambores de timbres diferentes e um agogô, instrumento de ferro que repercute como um sino, para acompanhar as cantigas levadas pelos pais e mães-de-santo na condução das cerimônias religiosas. Ainda hoje a língua dos cânticos preserva palavras da língua original

Danças dos negros: Batuque é a denominação genérica para as danças dos negros africanos. Carimbó, tambor de criola, bambelô, zambê, candomblé, samba de roda, jongo, caxambu são alguns dos batuques ainda praticados em todo o Brasil, principalmente nas ocasiões em que os negros se reúnem para festejar ou lembrar a escravidão. A palavra "batuque" aparece nos relatos mais antigos da nossa história. No entanto, não se sabe se ela se refere a uma dança de sapateados e palmas ou a um ritual religioso. Sabe-se, porém, que os senhores tinham total desprezo pelas práticas culturais africanas por considerá-las obscenas. A umbigada, gesto em que os ventres do homem e da mulher se encontram no ponto culminante da música, era uma das danças desprezadas pelos senhores de engenho.

Festas religiosas: Muitas das manifestações populares, como o maracatu – grupo carnavalesco pernambucano com pequena orquestra de percussão – e o reisado – grupos que cantam e dançam na véspera e no Dia de Reis –, estão ligadas às festas religiosas brasileiras. No entanto, nem todas as práticas religiosas resistiram à ação do tempo. Para ouvir uma encomendação de almas, por exemplo, só se for em uma das poucas cidades, como Santa Rita de Viterbo, em São Paulo, onde a procissão noturna que pede pelas almas do purgatório ainda é realizada. Na Sexta-feira da Paixão, os músicos esperam dar meia-noite para acompanhar o cortejo purificador das rezadeiras. Congadas, cantos e bailados que tratam de assuntos religiosos ou profanos são raridades que só podem ser vistas nas festas de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário.

Distribuição da Música Folclórica

As danças folclóricas brasileiras e os gêneros musicais que as acompanham ocorrem, praticamente, em todo o território brasileiro. No entanto, para facilitar a localização dessas manifestações culturais, o historiador Câmara Cascudo, em seu livro Dicionário do Folclore Brasileiro, divide as atividades musicais por área de predominância.

Área do boi-bumbá: O boi-bumbá ocorre durante as festas de São João no Amazonas e Pará. O boi feito de pau e pano é conduzido por dois personagens – Pai Francisco e Mãe Catirina – e acompanhado por rabecas, espécie de violinos populares, e cavaquinhos. Nos arredores de Belém também acontece o carimbó, outra dança da região que é acompanhada de palmas e sapateados.

Área do samba: O samba ocorre na zona agrícola da Bahia e nos estados do Sudeste. O gênero reúne várias danças e é caracterizado pelo uso de instrumentos de percussão. O jongo, dança de roda, e o candomblé também são comuns nessa área. Nos jongos do interior paulista é comum o uso de atabaques menores chamados condongueiros.

Área da moda de viola: A moda de viola caracteriza-se pela constância do canto, pelo emprego de duas vozes, pela frouxidão do ritmo musical e pelo uso da viola. A viola foi o primeiro instrumento de cordas português divulgado no Brasil. Pandeiro, tamboril e flauta eram os outros instrumentos que compunham a orquestra jesuíta. A viola é o grande instrumento da cantoria sertaneja do interior de Paraná, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Área do fandango: Gênero musical de forte ocorrência no litoral sul do país, o fandango vem das velhas danças sapateadas e palmeadas. Em todo o país o baile também chamado de marujada é representado no Natal com personagens vestidos de marinheiro. A música, de influência européia, é executada por orquestra de rabeca, violão, viola, cavaquinho e banjo.

Área da cantoria: Essa é uma manifestação cultural do sertão nordestino, onde se usam a rabeca e a viola para acompanhar louvações improvisadas e desafios poéticos musicais

Área do coco: Essa é uma dança ritmada do litoral nordestino baseada na percussão de palmas e no canto coral curto. Antigamente, era dançada nos salões da sociedade em Alagoas e Paraíba. São utilizados no coco instrumentos de percussão – cuícas, pandeiros e ganzás.

Área dos autos: Auto é o nome dado aos enredos populares que tratam de assuntos religiosos ou profanos. Alagoas e Sergipe são os núcleos principais dos folguedos populares (fandangos e cheganças); dos congos e quilombos, de origem africana; dos caboclinhos e caiapós, manifestações de temática indígena; e do bumba-meu-boi de formação cabocla. O bumba-meu-boi do Nordeste vai às ruas durante as festas de Natal e Ano-Novo.

Área da modinha: Muito comum nos centros urbanos, esse ritmo compreende música instrumental, como choros. São utilizados instrumentos de sopro (flauta ou clarinete), cavaquinhos e violões. O choro foi um dos ritmos que mais contribuíram para a fixação da música carioca. Conjuntos de flauta, bandolim, clarinete, violão, cavaquinho, pistão e trombone marcaram a boêmia carioca nos últimos anos do século XIX e primeira década do século XX.

Livros:

Dicionário do Folclore Brasileiro, de Câmara Cascudo. Ediouro. Trabalho de investigação sobre o folclore brasileiro.

Danças Dramáticas do Brasil, de Mário de Andrade. Martins, 1959. Obra de referência que trata da expressividade múltipla do brincante popular.

História Social da Música Popular Brasileira, de José Ramos Tinhorão. Lisboa: Caminho. O livro traz fatos documentados em jornais e livros do Brasil Colônia.

Contribuição Bantu na Música Popular Brasileira, de Kazadi wa Mukuna. Global. Identifica os instrumentos da nossa música popular que foram trazidos da África.

Os Sons dos Negros no Brasil, de José Ramos Tinhorão. Art.
Informações sobre as etnias africanas que vieram para o Brasil.

Na internet:

Fundação Joaquim Nabuco. Estudos enfocando a realidade

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Amusia - Eles Simplesmente Não Captam


A História é cheia de figuras conhecidas por sua profunda amusia. Ulysses S. Grant, o 18º presidente dos Estados Unidos, tinha um "ouvido de lata" e achava a música algo muito irritante; Che Guevara é famoso por não conseguir distinguir um trecho musical de outro. Há algum tempo, este tipo de pessoa seria considerada como "incapaz de pegar um tom"; hoje elas são vistas de um modo bem mais interessante.

Com o passar de alguns anos, têm ficado claro que a incapacidade de lembrar-se de uma melodia pode, às vezes, ser causada por um problema neurológico chamado de "amusia congênita". Esta condição neurológica rouba completamente das pessoas aquilo que normalmente é uma apreciação instintiva e espontânea da música. Não é de se estranhar que este problema tenha se tornado um tópico de pesquisa da maior relevância, na intenção de entender os mistérios de como o cérebro lida com a música.

O primeiro caso relatado de "surdez tonal" surgiu em 1878, e a literatura é cheia de contos anedóticos de pessoas que possuíam falhas de longa data relacionadas à percepção musical. Contudo, somente a partir de 2002, é que o primeiro estudo sério sobre amusia congênita foi publicado. Uma equipe liderada pela especialista da Universidade de Montreal, no Canadá, Isabelle Peretz, relatou o caso de Mônica, uma mulher em seus 40 anos que sempre foi fraca nas habilidades musicais mais básicas.

Peretz concluiu que o problema de Mônica era a deficiência em detectar diferenças de tom nas melodias que ela ouvia. Se fossem tocadas duas notas em seqüência, ela raramente conseguia dizer se a segunda era mais alta ou mais baixa que a primeira, ou se as duas estavam no mesmo tom. A maioria das pessoas consegue distinguir facilmente as pequenas diferenças entre tons – até metade de um semitom, por assim dizer – mas para os "amusicais", mesmo um salto de oitava, o equivalente às duas primeiras notas da famosa canção "Somewhere Over the Rainbow", pode passar despercebido. Tons e semitons são os tijolos que constroem a melodia, por isso não é de se espantar que "amusicais" achem a música uma monotonia, em vários sentidos da palavra.

Desde então, Peretz e outros pesquisadores têm relatado dúzias de casos similares. Essas pessoas possuem audição, inteligência e memória normais, mas não possuem nenhuma percepção melódica. Para eles, uma melodia é bem parecida com qualquer outra, canções já ouvidas muitas vezes são irreconhecíveis sem a letra, e dissonâncias que faria qualquer um se retorcer, não causam nenhuma reação. Os amusicais não conseguem cantar, mas raramente reconhecem isso. A "amusia" é incomum, mas não especialmente rara. A estatística mais aceita é de que ocorra em 4% da população, e é algo genético.

Mas o que causa a amusia congênita? De acordo com Peretz, a melhor explicação é a de que o cérebro é equipado com um "módulo" especial de processamento melódico, o qual ocasionalmente não se desenvolve completamente. Isso poderia explicar porque a "amusia" afeta somente a percepção musical. Se esta informação for correta, a música, assim como a linguagem, é inata, implantada de forma profunda em nossos cérebros.

Pudim auditivo?

Nem todos compartilham deste ponto de vista. Steven Pinker certa vez descreveu a musica como um "pudim auditivo" - agradável, mas sem funções adaptativas. Teorizou ainda sobre a existência de evidências que demonstram a amusia como um problema que vai além do déficit musical, relacionando-se às deficiências de linguagem e orientação espacial. Assim, talvez, a amusia (e, por extensão, a percepção musical normal) está enraizada em circuitos cerebrais que coordenam a entonação lingüística, ou que procuram os parâmetros centrais de "agudo" e "grave", em nossas representações mentais de melodia.

A equipe de Peretz e outros pesquisadores do gênero estão agora mapeando o cérebro de pessoas amusicais em busca de anomalias anatômicas que possam levá-los a delinear o problema. Até o momento, foram encontradas diferenças de pequeno porte na espessura da massa branca, em uma parte do cérebro chamada de giro frontal inferior – uma região ligada à percepção tonal e memória melódica. Também estão à procura dos genes que fazem da amusia uma condição genética, na esperança de conseguirem novas idéias relacionadas ao desenvolvimento anormal do cérebro dos amusicais.

Outra questão chave é saber se a amusia é uma anormalidade ou um conjunto delas. Alguns amusicais gostam de ouvir música por apreciarem os ritmos, mas a equipe de Peretz descobriu que por volta de metade dos amusicais também têm problemas na percepção rítmica. Isso sugere que pode haver uma condição neurológica que acaba com a percepção rítmica, assim como faz com a melódica. Existe também o problema dos "ouvidores de ruído" – amusicais que percebem a música como se fosse uma chave de grifo batendo em um cano. "Apenas alguns amusicais ouvem somente barulhos," diz Peretz. "Para a maioria, a música é somente algo confuso". Este fato levou alguns pesquisadores à proposição de outro distúrbio de percepção musical, chamado de "distimbria", a qual impede as pessoas de perceberem a "cor" da música, ou seu timbre.

Se a amusia é uma anomalia ou um conjunto delas, a esperança é que seu estudo possa beneficiar àqueles desafortunados excluídos do profundo prazer da música. Peretz julga que a intervenção no problema pode permitir lidar com a plasticidade normal do cérebro e reparar alguns dos danos. "Não há chances de ajudar os adultos," ela diz. "Já tentamos. Mas quem sabe as crianças".

Graham Lawton

Você sofre de amusia? Faça um teste gratuito em: http://www.delosis.com/listening/home.html

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Partituras em Braille



Agência FAPESP – Interpretar notas musicais grafadas em uma partitura é tarefa banal para um músico. Porém, quando o instrumentista é deficiente visual essa atividade se torna muito mais complicada, sem contar os inúmeros obstáculos enfrentados durante o processo de aprendizagem musical.

Entender como um deficiente visual aprende a ler partituras pelo método Braille e analisar o ensino de música e os recursos disponíveis para essas pessoas foi o tema da tese de doutorado “Do toque ao som: ensino da musicografia Braille como um caminho para a educação musical inclusiva”.

O trabalho foi defendido e aprovado na quarta-feira (10/2) por Fabiana Fator Gouvêa Bonilha, no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com orientação do professor Claudiney Rodrigues Carrasco, do Departamento de Música.

“A motivação da pesquisa surgiu da minha própria experiência”, contou Fabiana, que é bacharel em música e deficiente visual desde o nascimento. Ela explica que o trabalho é a ampliação de sua dissertação de mestrado, intitulada “Leitura musical na ponta dos dedos: caminhos e desafios do ensino de musicografia Braille na perspectiva de alunos e professores” e concluída em 2006.

Tanto no mestrado como no doutorado a estudante contou com apoio de bolsas da FAPESP. Durante o mestrado ela entrevistou estudantes de música com deficiência visual e coletou suas percepções sobre o processo de aprendizagem.

Entre as conclusões, Fabiana levantou que há poucos espaços de formação que atendem às necessidades dos deficientes e a demanda por esses cursos é grande. Essas dificuldades a fizeram voltar para o problema da inclusão musical dos deficientes visuais durante o doutorado.

A fim de compor a tese, a estudante analisou todo o processo a ser percorrido por um deficiente visual que quer ter uma educação formal em música, a começar pelo desafio de encontrar ou transcrever partituras para o código Braille.

Para que a transcrição seja bem-sucedida, é fundamental a figura do transcritor. “Ele tem que ser um especialista tanto em música como em Braille”, apontou. Essa atividade pode ser desempenhada tanto por pessoas que enxergam como por deficientes visuais, de acordo com Fabiana.

Uma das maiores contribuições do estudo foi a formação de um acervo de cerca de 50 partituras vertidas para o sistema Braille durante a pesquisa. Esse material já está disponível no Laboratório de Acessibilidade da Biblioteca Central César Lattes da Unicamp.

“A maioria dessas composições é brasileira. Isso é importante porque podemos fazer um intercâmbio trocando partituras em Braille com instituições de outros países”, disse.

Capacidade de abstração

A partitura transcrita, no entanto, é apenas o início do processo para o estudante com deficiência visual. Fabiana explica que a musicografia em Braille exige muito mais do estudante.

Os símbolos musicais impressos em tinta são convencionalmente grafados em cinco linhas, chamadas de pentagrama. Uma composição para piano, por exemplo, utiliza ao mesmo tempo dois pentagramas, um para cada mão, e um acima do outro para indicar a simultaneidade de algumas notas.

Uma partitura em Braille, por sua vez, contém apenas caracteres resultantes das combinações entre seis pontos salientes. O músico deve interpretar as notas ao toque dos dedos e ler cada linha separadamente e assim inferir a simultaneidade das mãos do piano, por exemplo.

“É preciso um grau de abstração muito maior e uma sólida formação musical”, disse Fabiana. Isso além de uma boa memória, uma vez que o instrumentista deve decorar toda a partitura antes de executá-la.

A pesquisa obteve um levantamento qualitativo baseando-se em três experiências: o aprendizado de musicografia Braille de dois deficientes visuais e a capacitação de um professor de música para ensinar um aluno com deficiência visual.

Como pré-requisito, Fabiana selecionou casos em que os envolvidos tinham conhecimento musical prévio e que o desafio, portanto, seria introduzi-los ao sistema de notação musical em Braille.

Os alunos escolhidos eram aprendizes de instrumentos distintos: violão e teclado, o que exigiu adaptações específicas, pois as partituras desses instrumentos são diferentes.

Deficiência congênita ou adquirida

Fabiana conseguiu traçar algumas diferenças no aprendizado entre deficientes visuais congênitos (de nascença) e os que adquiriram a deficiência ao longo da vida.

Entre as pessoas com deficiência visual desde o nascimento, por exemplo, está a maior prevalência do chamado ouvido absoluto, que é a capacidade de identificar tons musicais em sons isolados.

Isso ocorre porque a deficiência congênita impõe ao indivíduo uma dependência dos sons desde muito cedo. “A importância do som nesses casos é muito maior, pois ele dá toda a referência do espaço”, disse.

Segundo ela, nesses casos a estrutura neuronal é formada logo na primeira infância, visando à enfatizar a audição. “Pesquisas mostram que algumas regiões do córtex visual são realocadas para processar sons nos cérebros de deficientes visuais congênitos”, disse.

Também para esses, o reconhecimento tátil é mais desenvolvido. “O Braille torna-se o primeiro código de escrita, enquanto que na deficiência adquirida é travado um processo de readaptação à realidade”, comparou.

Ao desenvolver a pesquisa, Fabiana colecionou uma série de arquivos sonoros que compreendiam aulas, além de depoimentos de deficientes visuais e de professores de música.

“Achei esse material rico demais para ser guardado e elaborei um roteiro para unir esses arquivos em um audiodocumentário”, conta. Quando o seu orientador ouviu o piloto, incentivou-a a gravá-lo em estúdio.

O resultado é um documentário de cerca de dez minutos com uma trilha sonora adaptada pela própria doutoranda, e efeitos produzidos por equipamentos Braille além das vozes captadas ao longo da pesquisa.

O objetivo da produção, segundo ela, foi retratar a concepção de um deficiente visual. Por esse motivo, propositadamente, a estudante não quis utilizar imagens. “Esse áudio tornou-se a síntese sonora da pesquisa”, afirmou.

O orientador do trabalho, Claudiney Carrasco, considera que a tese de Fabiana é relevante em vários aspectos. “É a primeira contribuição de peso na pesquisa em musicografia braille no país e abre um amplo campo para que mais gente pesquise e contribua nessa área”, afirmou.

O professor da Unicamp também ressaltou o aspecto da inclusão inerente da pesquisa. Para ele, o trabalho traz resultados práticos que vão auxiliar professores de música a interagir com alunos deficientes visuais. “É realmente uma inclusão, não se trata só de aceitar o aluno cego e deixá-lo se virar sozinho. Fabiana propõe um trabalho voltado a atender às necessidades desse estudante", disse.

É justamente a inclusão do deficiente visual no ensino regular de música a principal conclusão da tese, de acordo com Fabiana. Para ela, não são necessárias escolas especializadas em deficientes, mas que as instituições de ensino regulares se adaptem a esses alunos.

Para isso, explica a musicista, seria fundamental a participação de três personagens nesse processo: um professor de música especialmente preparado, um aluno consciente e motivado e um especialista transcritor que possa fornecer material de estudo de qualidade para o processo. Com esses elementos, a grande demanda por instrução musical por parte de deficientes visuais pode começar a ser atendida, aponta.

Por Fábio Reynol

Audiodocumentário sobre o ensino da musicografia Braille: www.agencia.fapesp.br/audiodocumentario.mp3

A Música na Grécia Antiga


A Grécia era o berço da cultura e da civilização ocidental, embora, os gregos tenham sido muito influenciados pelos egípcios e por todo o Oriente.

A palavra música vem do grego e significa "arte das musas", que, na mitologia grega representavam seres celestiais, divindades que inspiravam as artes e as ciências. Segundo a mitologia grega, os seres celestiais eram nove, são eles:

CALÍOPE - da poesia épica.
CLIO - da história.
ERATO - da poesia amorosa.
EUTERPE - da poesia lírica e da música, chamada a "que dá prazer" e representada com a flauta dupla - diaulo.
MELPÔMENE - da tragédia.
POLÍNIA - dos hinos sacros.
TÁLIA - da comédia.
TERPSICHÔRE ou TERPSICHORE - da dança e do canto coral, chamada "a bailarina" e representada com a lira e o plectro.
URÂNIA - da astronomia.
Existem três lendas sobre a origem da lira. A primeira lenda diz que num determinado dia, o nobre e belo deus Apolo passeava pela praia, quando deu com o pé no casco de uma tartaruga que estava com as tripas secas e esticadas. Apolo percebeu, então, que fazendo vibrar as tripas, produzia-se som, originando assim a lira grega. A segunda lenda nos diz que Apolo atou algumas cordas de tripa aos chifres de um boi e, desta forma, ter-se-ia originado a lira. Efetivamente havia liras em forma de chifres de boi. A terceira lenda nos conta que, Apolo, saiu um dia para caçar junto de sua irmã Diana e, notou que toda vez que sua irmã atirava com seu arco, a flecha ao ser solta, produzia sons. Por isso, Apolo teria pensado em fazer instrumentos de cordas.

Orfeu, filho de Apolo, era deus da música e da poesia e, segundo a lenda, quando tocava sua lira, encantava até os animais. Do nome Orfeu deriva-se a palavra "orfeão".

O filósofo Pitágoras (século VI -V a.C.) descobriu a relação matemática dos principais intervalos da escala musical: a oitava, expressão pela relação 2:1, a quinta, expressão pela relação 3:2, a quarta, expressão pela relação 4:3, bem como a do tom maior, expressão pela relação 9:8, que exprimiria a diferença entre a quinta e a quarta.

Aristóxeno (nascido entre 375 a 360 a.C. em Tarento), outro filósofo, discípulo de Aristóteles, é considerado o maior teórico da antiguidade helênica; escreveu tratados sobre elementos da harmonia e do ritmo.

Assim, percebemos que as referências sobre a arte musical grega são encontradas na mitologia, em relíquias, tratados teóricos, obras filosóficas e memórias históricas.

Constata-se que a música estava presente na Grécia em todas as manifestações da vida pública, tais como festas religiosas ou profanas, jogos esportivos, teatros, funerais, e até em guerras.

Bibliografia:

Ellmerich, Luis - História da música.

Lovelock, William - História concisa da música.

Carlson, Richard; Shield, Benjamim - De corpo e alma.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Música para Estimular Habilidades



É automático! Quando pegamos um bebê no colo e imediatamente começamos a embalá-lo, cantarolando alguma coisa. A música seja na forma de canções rituais ou de cantigas de ninar, está presente no contato entre mães e bebês de todas as culturas do planeta. Mais do que um artifício para acalmar a criança ou fazê-la dormir, a música é componente indispensável nessa delicada relação. E também um importante instrumento para o desenvolvimento do bebê, como todas as mães do mundo parecem saber intuitivamente.

Conotação emocional. O ouvido humano concentra não só as funções auditivas como também é responsável pelo equilíbrio dos nossos movimentos. Daí o impacto sensorial que a música exerce sobre o corpo, e o poder dos diferentes ritmos de estimular as habilidades motoras e as percepções de tempo e espaço. Para os bebês, os sons e os ritmos, quando usados como acalanto, envolvem ainda inúmeros benefícios de conotação emocional e afetiva.

Músicas suaves e relaxantes envolvem o bebê num clima de bem-estar e tranqüilidade e podem ser usadas para acalmá-lo, enquanto as músicas mais agitadinhas funcionam muito bem como "trilha sonora" para marcar momentos de brincadeira e alegria. Com essa indução, aos poucos sua criança se habituará a usar música como uma nova e poderosa linguagem capaz de modular e espelhar seus sentimentos: "Bebês que crescem em diálogo constante com a música tendem a se tornar pessoas menos ansiosas, mais confiantes e equilibradas", garante a educadora Josete Feres.

Música e desenvolvimento. Os efeitos da estimulação musical precoce em crianças estão sendo avaliados em pesquisas científicas. Os dados ainda não são conclusivos, mas profissionais ligados à música, educação, psicologia e medicina vêm concordando que os pequenos têm muito a ganhar, além da mera percepção auditiva mais sutil e aguçada.

Estudos sobre a relação entre música e inteligência, por exemplo, mostram que crianças em idade escolar melhoram o desempenho em matemática com o aprendizado de um instrumento. Entre três e quatro anos, a habilidade espacial e a coordenação motora global se ampliam com aulas de piano. No que diz respeito aos bebês, a avaliação dos resultados é prejudicada pela barreira da comunicação, mas muitas pesquisas já apontam indícios de que eles são mais sensíveis à música do que se imaginava. Uma delas, realizada por Norman Weinberger, professor de Psicologia e Ciências Cognitivas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, provou que já aos quatro meses os bebês identificam erros propositais em melodias que lhes são familiares. O psicólogo americano dedica-se atualmente a estruturar um centro de pesquisas inteiramente voltado ao estudo da influência da música sobre o funcionamento cerebral.

Baseado na constatação de que o cérebro possui estruturas específicas para processar as ondas sonoras de natureza musical, Weinberger defende a tese de que a música não se resume a diversão e arte – é uma capacidade biológica que precisa ser estimulada, desde muito cedo, para possibilitar um desenvolvimento completo. O consenso entre os profissionais é de que não existe idade para começar. Muitos até defendem a estimulação do bebê ainda dentro do útero, dois meses antes do nascimento, quando sua audição está formada.

Questão de gosto. Você, mamãe, pode ajudar nesse processo, em casa mesmo. O primeiro passo é simplesmente deixar a música rolar. Qual música fica a seu critério. Não há necessidade de escolher "música para bebê". Alguns pediatras e psicólogos aconselham a música clássica, mas se o gênero não for de seu agrado, esqueça. Seu estado de espírito tem muito mais influência sobre o ânimo do bebê do que a mais delicada das sinfonias.

Na verdade, o tipo de música não faz diferença, principalmente para os bebês mais novinhos. O importante é que ela esteja sempre presente, sem cair no exagero de transformar a casa num elevador de escritório, com aquela música de fundo baixinha e constante que, em vez de estimular a percepção, acaba virando um ruído a mais em meio a tantos outros. A música funciona bem quando apresentada num contexto especial, integrando outras atividades, como o brincar e o dançar.

O contato com o som. Outras alternativas são os brinquedinhos sonoros e os instrumentos feitos especialmente para crianças. Não espere, entretanto, que seu filho saia logo tocando alguma coisa. O mais provável é que pianinhos, bumbos e xilofones sejam apenas "castigados" por ele. Mesmo assim, estarão desempenhando um papel importante na preparação dos circuitos cerebrais da sua criança para a música. Na hora de escolher, dê preferência àqueles feitos especialmente para bebês, com materiais de sonoridade suave, sem arestas e pontas perigosas.

O controle da voz. Não esqueça, porém, que o melhor instrumento que o bebê possui e precisa aprender a dominar é a própria voz. Estimule-o a conseguir isso, cantando para e com ele. Vale tudo, das cantigas de ninar tradicionais aos sucessos do momento, incluindo as músicas infantis com imitações de sons do cotidiano e de vozes de animais. Todo estímulo sonoro é positivo, e as tentativas que seu filho fizer de reproduzir os sons vão, com o tempo, ajudá-lo a descobrir a própria voz e seu jeito particular de cantar. E quanto mais cedo a criança aprende a cantar, menores as chances de que venha a ser um adulto desafinado, já que aprendeu a ouvir e modular sua voz. Se você precisa de mais inspiração para sair por aí fazendo duetos com seu bebê, basta lembrar as muitas quadrinhas musicadas, como "Serra, serra, serrador" e "Upa, upa, cavalinho", de origem folclórica, que aproximam gerações nessa troca cadenciada de alegria, afeto e carinho.

Discoteca Básica - Algumas dicas para você montar uma seleção musical ao gosto do bebê:

Melodias simples: Muitos compositores vêm se especializando na criação de repertórios voltados para bebês. Geralmente são melodias simples e repetitivas, semelhantes às das caixinhas de música. Mas é bom saber que o bebê pode acabar se sentindo incomodado pela monotonia.

Os clássicos: A música clássica costuma ser uma boa opção, desde que você também aprecie o gênero. Deixe de lado as peças excessivamente tensas e dramáticas, como algumas sinfonias de Beethoven e Wagner, e aposte nos compositores de música leve e ligeira como Mozart.

Letras fáceis: Quando o bebê estiver aprendendo a falar, escolha músicas de melodias simples e letras fáceis, para que ele possa compreender e decorar.

Revista Crescer, julho/99, pág. 84

Fonte para o In Domus: Josete Silveira Mello Feres (Educadora e coordenadora das aulas de iniciação musical na Escola de Música de Jundiaí, SP)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Em Busca da Roda quase Perdida



As cantigas de roda fortalecem elos afetivos e culturais (E são uma gostosa diversão em casa).

"Ciranda, cirandinha, vamos todos..." É pena, mas, cada dia menos, as crianças conjugam, cantam e dançam o verbo cirandar – desta e de qualquer outra cantiga de roda. A lista de motivos que distanciaram a cantiga e a roda das brincadeiras infantis é grande. Os edifícios e suas minúsculas áreas de lazer engoliram, literalmente os quintais amplos nas grandes cidades, A insegurança afugentou das ruas as crianças, Ao mesmo tempo, com velocidade espantosa, a mídia transforma em modismo musical e comportamental a dança da garrafa e outras, que, no máximo, exigem da meninada capacidade de imitação. Longe do círculo, das lendas e das cantigas de roda, os baixinhos deixam de ganhar uma grande contribuição para seu desenvolvimento social, cultural e emocional.

Ao longo da História, esse passatempo transmitiu histórias, lendas, cultura. E consolidou o vínculo afetivo de muitas gerações, que se deram as mãos, cantaram e dançaram juntas, falando a mesma linguagem, apesar da mudança dos tempos. A cantiga e a roda sempre representaram uma das sólidas pontes entre as avós e seus netos, por exemplo. Senhoras e crianças recitaram o mesmo verso, cada uma em seu tempo e, mais tarde, na mesma roda – cúmplices uma da outra. Brincando com símbolos, assumindo papéis diferentes na representação, ou simplesmente recitando um verso no centro da roda, os baixinhos "vestem" diferentes personalidades e experimentam distintas emoções – vivências que os ajudam a construir a própria identidade. No vai-e-vem da roda, a criançada vai descobrindo a harmonia dos movimentos do próprio corpo e a musicalidade de sua voz.

Arcas encantadas. De mãos dadas no círculo, ou dentro dele, as crianças têm a oportunidade de exercitar sua desenvoltura, de compartilhar alegria, afeto e aprovação dos amiguinhos. Também têm a chance de se projetar no grupo. Brincando, elas exercitam sua capacidade de socialização, habilidade necessária em qualquer ambiente que exija convivência e traquejo social. Ao longo da vida, a "roda" terá cenários bem mais amplos: a escola, o trabalho, a cidade, o país e a família que o adulto vier a formar. E embora não seja o remédio para todos os males, as cantigas de roda podem até favorecer, nessa idade, a convivência dos clubes do bolinha e da luluzinha, sem maiores desavenças.

De verso em verso, as músicas e as danças também mantêm vivas a história e a cultura de um determinado país ou região. É o que se vê, por exemplo, em o Peixe Vivo, canção que relata a lenda amazônica do boto, que seduzia as jovens solteiras dos povoados ribeirinhos.

Engana-se quem imaginar que as qualidades dessas ricas musiquinhas terminam por aí. Elas são fortes aliadas também na hora de ensinar a meninada a ler e a escrever. Os especialistas afirmam que a familiaridade com textos conhecidos e apreciados pelos baixinhos facilita a alfabetização. Perceber que a combinação de determinadas letrinhas resulta em cada uma das palavras do refrão de uma cantiga conhecida é muito mais gostoso e interessante do que aprender a ler e escrever palavras isoladas. Isso, dizem esses profissionais, aumenta a capacidade de compreensão da criança que, assim, tem mais possibilidades de interpretar e conhecer o mundo em que vive. As cantigas podem ser comparadas a baús que guardam diferentes tesouros. Por isso tem crescido o número de educadores e músicos que procuram recuperar a força e o brilho dessas arcas encantadas.

Renascimento. Livros que contam histórias das rodas e do folclore estão sendo reeditados e músicos como Paulo Tatit e Sandra Peres coordenam um projeto que reúne vários artistas com o objetivo de dar um ar novo às antigas cantigas. A dupla também está lançando canções inéditas na tentativa de fazer com que os pais voltem a intermediar o contato da criança com a música – algo que as cantigas de roda sempre fizeram. E que rende uma gostosa diversão em casa.

Aproveite reuniões de família para relembrar velhas cantigas. Da vovó ao netinho, todos vão curtir muito.

Ensine novas músicas ao seu filho. Nas brincadeiras com os amiguinhos, ele terá prazer em ampliar o repertório da turminha – e, de quebra, terá mais facilidade para se integrar a qualquer grupo.

Estimule a criança a recontar as cenas das cantigas ou representá-las com os amiguinhos. É uma ótima maneira de ampliar sua capacidade de expressão.

As livrarias e casas de disco têm boas obras originais e composições mais modernas. Boas pedidas são os livros da coleção Lua Nova, da Editora Ática, e Arco-Íris, da Mazza Editores. Entre as gravações, vale a pena procurar pelos discos Brincadeiras de Roda, Estórias e Canções de Ninar, do selo Eldorado, e a coleção Palavra Cantada, do selo Salamandra.

Nesta rua tem um bosque – A cantiga é uma versão urbana da lenda indígena em que o chefe de uma tribo é enfeitiçado e enlouquece de paixão pelo canto do uirapuru – na verdade, a ave é uma índia que havia sido rejeitada por ele em seu amor e transformada em pássaro pelos deuses.

Peixe vivo – A cantiga se relaciona à lenda amazônica do boto que, ao cair da tarde, sai do rio e toma forma humana para beber, dançar, conversar – e seduzir – as jovens solteiras dos povoados ribeirinhos. Ao final da noite, ele retorna ao rio e à sua forma original. Assim, os filhos de mães solteiras dessas regiões são chamados de "filhos do boto".

Pai Francisco – É o personagem central do bumba-meu-boi. Ele corta a língua do boi predileto do coronel para satisfazer o desejo da mulher grávida. Em seguida, é preso e só não é morto pelo milagre do boi, que volta a viver para que ele possa ganhar a liberdade.

Revista Crescer, jan/98, pág. 80.

Fonte: http://www.indomus.com.br/musicaliza/artigos_e_textos.htm

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Os Sons do Mundo



Antes mesmo de nascer, o bebezinho pode entrar em contato com a música, que ajuda a acalmá-lo e a fortalecer os vínculos com a mãe.

A pianista, grávida, ensaiava para o concerto. Sempre que chegava num determinado trecho de uma das músicas, suas mãos pareciam não querer obedecer ao comando do seu cérebro, e ela precisava se esforçar para conseguir tocar como devia. Depois de dar à luz, ela voltou aos ensaios, agora com o nenê ao lado. E, para sua surpresa, sempre que passava pelo trecho da música, antes tão difícil, o nenê começava a chorar. Essa história real, foi contada por Berry Brazelton, professor da Escola de Medicina de Harvard e do Children’s Hospital de Boston, Estados Unidos, durante uma de suas visitas ao Brasil. Serviu para ilustrar a comunicação que se estabelece entre mãe e filho bem antes do nascimento, e através de uma arte que é usada como terapia desde a Antigüidade: a música.

Antes de Cristo, o filósofo grego Platão já a recomendava para "equilibrar os humores do corpo". A Bíblia também nos relata a proeza de Davi tocando sua lira para acalmar o rei Saul, durante suas crises. Sem falar nos povos indígenas da América, que também utilizavam o som com objetivos terapêuticos.

Crianças mais comunicativas. Hoje, a musicoterapia é, de fato, uma ciência paramédica que estuda a relação do homem com o som visando prevenir e tratar doenças, promover o desenvolvimento psicossocial do indivíduo e melhorar a sua qualidade de vida. O trabalho dos musicoterapeutas, que é uma profissão de nível universitário, se aplica tanto a deficientes físicos e mentais, como também a escolas e empresas.

Mas é na área de estimulação precoce do nenê, ainda na barriga da mãe, que se tem conseguido os resultados mais interessantes. "As pesquisas mostram que as crianças que foram estimuladas, com música, durante a gestação, cresceram mais criativas, comunicativas, atentas e mais perceptivas do que as que não passaram por esse processo", diz Lílian Elgelmann Coelho, presidente da Comissão Científica da Associação de Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado de São Paulo.

Mas a partir de que idade o feto começa a ouvir? Segundo Lílian, esse é um tema controvertido. As pesquisas realizadas na década de 20 dizem que só a partir do sexto mês de gestação o bebê começa a desenvolver a sua capacidade auditiva. Já de acordo com o livro Os Modos de Comunicação do Bebê, dos psicólogos Widner, Cristiane e Trissot, publicado pela Manole, o feto sempre escuta a mãe. É uma tese comprovada pelos musicoterapeutas.

"Durante sessões, nós captamos o ritmo dos batimentos cardíacos do feto e da mãe. Com um aparelho especial. Após alguns minutos de relaxamento com música, há uma surpreendente sincronia de ritmo dos dois. É uma constatação emocionante", define Fernando.

Para Fernando, que atende gestantes e casais em clínica, e também no Hospital-Maternidade Santa Brígida, "o musicoterapeuta trabalha o som como exercício de comunicação já a partir do quinto mês de gravidez. Se o objetivo for apenas o relaxamento, essa terapia pode ser aplicada desde o início da gestação, já que o bebê, na barriga da mãe, não está ainda distinguindo palavras, apenas o som embutido nelas. É como se a mãe falasse com ele de boca fechada", explica.

Diálogo entre mãe e filho. Para estimular a comunicação do feto com os sons, os musicoterapeutas aplicam várias técnicas. Durante as sessões, por exemplo, orientam as mães a ouvir uma música e reproduzi-la, cantando, para seu bebê. Vale também tocar algum instrumento para que ele ouça, contar histórias, ou apenas conversar com ele. As técnicas mais sofisticadas incluem um trabalho de expressão corporal, respiração rítmica, imitação dos movimentos do feto e a composição de uma música-tema que irá marcar a relação mãe e filho. Alguns profissionais chegam até a usar um gravador com autofalante voltado para a barriga da mãe, durante os exercícios.

"Nas gestações normais, a musicoterapia ajuda a desenvolver a aproximação da mãe com o bebê. E naquelas onde há alguma dificuldade emocional ou orgânica, essa técnica pode ser aplicada em conjunto com a atuação do médico e do psicólogo, com ótimos resultados", explica Engelmann. No trabalho com bebês de alto risco, por exemplo, o som da música ajuda a estabilizar os batimentos cardíacos, com reflexos positivos no ritmo respiratórios do feto e da mãe, além de acelerar as conexões neurológicas.

Quem já passou pela experiência, aprovou. É o caso de Alda Zonato, que se submeteu à musicoterapia durante a gravidez de Cássia, hoje com três anos. "Eu me senti muito segura e tranqüila. Fazia os exercícios com a participação do meu marido e eram momentos muito especiais. A nenê se mexia sempre durante as sessões, como se estivesse respondendo ao estímulo ", conta.

Até hoje, diz Alda, a música tem efeito tranqüilizador em Cássia, uma menina que apresenta uma grande percepção musical. Memória auditiva aguçada (guarda as letras das músicas com a maior facilidade) e um interesse incomum por livros e histórias.

"Mas o bonito mesmo foi no momento do parto. Quando ela saiu da minha barriga e dissemos "Oi, Cássia", ela abriu os olhinhos e virou em nossa direção como se respondesse: Hei, eu já conheço vocês..."

Revista Crescer, fev/99, pág.64.